terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Do Blog do Chico Maia

Para quem, como eu, é 'piolho de radio', veja bem estas historias,sobre o Carlos Valadares,falecido ontem em BH.Dos blogs de Chico Maias e Flavio Anselmo.

Só agora tomei conhecimento da morte do Carlos Valadares

02 de janeiro de 2012 às 18:02
Como ele dizia: “Ora, Ora, Ora…”
Só agora há pouco tomei conhecimento da morte do Carlos Valadares, um dos nomes importantes da história do rádio e TV de Minas e do Brasil.
Vi o Rogério Correa prestando homenagem a ele no Redação Sportv, e agora li uma emocionante crônica do Flávio Anselmo, falando dele e contando ótimas histórias.
Valadares me chamava de “mala” e eu sempre retrucava que a “mala” era ele.
Sempre bem humorado, mas de posições firmes, foi um grande amigo de todos os seus amigos, que são incontáveis.
CARLOSVALADARES
Gozador de primeira, aprontou um trote pra cima do Vilibaldo Alves, que lhe valeu uns meses de geladeira por parte do também saudoso locutor, que demorou perdoá-lo da sacanagem.
O trote seria para mim, recém chegando à imprensa de Belo Horizonte, com 18 anos.
Eu estava com o Vilibaldo em Salvador-BA, Hotel Ondina Palace, para a transmissão de um Bahia x Atlético, na Fonte Nova, pela Rádio Capital.
Sábado à tarde, tocou o telefone no apartamento, o Vili atendeu. Do outro lado um baiano com sotaque do interior nordestino queria falar com o repórter para que ele fizesse um boletim com as notícias do Atlético, para a Rádio Feirense, de Feira de Santana.
Vilibaldo perguntou se “tinha cachê”, e diante da resposta positiva, disse que ele mesmo poderia gravar o boletim, já que o repórter estava fora do apartamento. E eu lá, assistindo a conversa.
O “baiano” com sotaque acentuado concordou e pediu então que ele mencionasse o nome do patrocinador: “Macarrão Garfo de Ouro”.
O cachê seria pago em dinheiro, no dia seguinte, antes do jogo, na cabine do estádio.
Vilibaldo iniciou o boletim: “Em nome do Macarrão Garfo de Ouro…”
e lá se foram 10 minutos de falatório sobre o Galo.
Enquanto ele falava, chegou o Carlos Valadares, que era na época da Rede Globo, e estava num apartamento ao lado do nosso.
Disse a ele o que estava acontecendo; ele esboçou um sorriso maroto e disse:
__ Se não tivesse cachê você é que teria dançado!
Não entendi o que ele quis dizer.
Terminado o boletim, o Vilibaldo tentou falar com o “baiano” ao telefone e “tum… tum… tum…”, ninguém na linha.
Ficou apreensivo, quando se deu conta que nem tinha anotado o número da “rádio” para a qual ele estava falando, e que poderia estar levando um calote, ou pior: um trote.
No dia seguinte, na Fonte Nova, o Vilibaldo quase teve um infarto quando os colegas de várias rádios baianas disseram que nunca ouviram falar em nenhuma “Rádio Feirense” e muito menos em qualquer “Macarrão Garfo de Ouro”.
Numa cabine ao lado, diante do nervosismo do Vilibaldo, Valadares foi solidário a ele e ainda fez discurso contra essa “molecagem” que “ainda fazem conosco”.
Mas ele não resistiu e contou a alguns colegas que tinha sido o autor do trote e a história chegou, meses depois ao Vilibaldo, que passou a nem cumprimenta-lo, durante uns meses.
Porém, alguém lembrou ao Vilibaldo que ele mesmo era um dos maiores passadores de trote do rádio brasileiro; não perdoava ninguém.
Aí ele entrou no clima e voltaram a ser amigos como antes.
Que o Valadares descanse em paz.
Veja o texto do Flávio Anselmo:
* “POPÓ FOI EMBORA PRIMEIRO.
SACANAGEM”
Flávio Anselmo 
NOS MEADOS DOS ANOS 90, recebi convite pra deixar a Band MG onde estava desde 82 e levar o Minas Esportes pra Manchete.
O Carlos Valadares havia recebido convite da mesma emissora como narrador nacional. Conversamos aqui e decidimos montar uma sociedade.
Chamei a turma da Band, mas ninguém topou, apesar de a maioria ter ido pra lá pelas minhas mãos. Paciência.
Começamos nova turma, com Odilon Amaral, Flavinho, Afonso Alberto, Alberto Decat, e Orlando Augusto. Valadares apresentava e eu comentava. A rapaziada fazia noticiário ao vivo.
Ficamos poucos meses na Manchete que estava em crise financeira. Que não nos atingia, mas atingia a parte técnica com constantes greves. Foi tempo suficiente entretanto pra gente agitar a mesmice da época. Promovemos o Verão Vivo na orla da lagoa em Lagoa Santa, de onde transmitíamos eventos quase ao vivo.
Como era isso.
Uma equipe de motoqueiros à nossa disposição, levava e trazia as fitas. Botamos umas 15 mil pessoas por dia na beira da lagoa.
Os problemas se avolumaram e decidimos mudar: aceitamos a proposta da Record que iniciava suas atividades em Minas. Uma enorme aventura. Não tinha público, e imagem ruim na Capital.
Aos poucos, como fiz na Band, viajando pelo interior, por recomendação dos diretores da época, coloquei a imagem da Record em várias repetidoras municipais.
Brigamos na Justiça com os bispos e ganhamos. Queriam nos tirar do ar pra botar um pastor. Não respeitaram o contrato vigente. Através de liminar ficamos no ar mais seis meses e aí fizemos acordo com eles. Durou uns cinco anos e então cresceram os olhos e eu decidi pular fora. Valadares, diante disso, saiu também.
Nossa amizade cresceu mais ainda. Tempos depois ficamos um anos no ar no canal comunitário 13.
Aí desistimos de vez dessas empreitadas. Tentamos entrar na Internet.
Valadares montou um site com rádio, tevê e jornal.
Mas em Lagoa Santa e mudou-se pra la. Eu tinha minha casa em Lagoa, no Condomínio Condados – ainda tenho – mas nenhuma disposição de mudar.
Passei a colaborar para o jornal do Valadares e até cheguei a fazer alguns jogos com  ele pela sua rádio FM.
Entre nós, nos chamávamos de Popó e Palmerindo. Personagens do Chico City.  Gozações do tipo: ” você se esqueceu da coluna, ô Palmerindo” – que era eu. E eu respondia, gozando tb: “esqueci nada Popó, já mandei. Vc é que não sabe mexer com internet. Chame o Franklin, que é cobra no assunto.”
Quem chega ao  Ipatingão, na entrada principal, encontra a placa alusiva a primeira transmissão ao vivo daquele estádio. Fizemos nós, pela Record, a decisão de uma Taça Belo Horizonte que acompanhamos do princípio ao fim.
Sempre com um jogo ao vivo.
Criamos na Record também a Copa Futebol Dente de Leite, transmitida do Independência por quatro anos, revelando jovens talentos.
Vários estão por aí nos profissionais.
Otrodia, liguei pra sua esposa Maria José atrás de informações, porque o celular dele não atendia. Ela me revelou que a situação estava gravíssima.
Há 60 ele estava internado no Hospital Madre Tereza. Dias antes eu havia falado com ele. Em razão dos problemas que tive há dois anos, com infecção hospitalar, tenho evitado – e ainda tenho trauma – de visitar hospitais. Além do que peguei uma gripe que me acompanhou por vários dias e sabia que minha visita causaria problema.
Entreguei pra Deus e fiz como Valadares sempre fazia: rezei pra São Judas Tadeu por sua recuperação.
Como faço todos os anos nesse período entrei de férias totais.
Quem me deu a notícia foi o Orlando Augusto, lá de Natal-RN. “Perdemos o nosso Bocão, Flávio”.
Não levei aquele choque da surpresa, porque esperava por essa infausta notícia. Maria José me preparara antes.
No Jogada de Classe mandamos um abraço pra ele, sabendo que não o receberia porque já estava entubado.
Os mais novos, não aqueles da geração de Odilon Amaral e Flávio Junior, e outros que minha memória falha não me permite lembrar quais, sabem o que representa uma perda como essa.
Seus amigos estão desolados e são vários, dentre eles eu me incluo.
Mais um que sobe fora do combinado, conforme a vontade D’Ele. O time é enorme.
Que Deus olhe pelo nosso Bocão, apelido que  lhe deu Osvaldo Faria, na Itatiaia, e pelo meu particular amigo Popó.
Nas minhas lembranças, Luiz Carlos Valadares, eu não deixarei nunca de reclamar dessa sua caduquice de partir primeiro, mais novo do que eu. Apenas com 63 anos.
E quantos projetos, certamente, se a saúde nos permitisse, haveríamos de fazer juntos? Vá pelas mãos de São Judas, amigo
Flavio Anselmo
Blog: flavioanselmodepeitoaberto.blogspot.com
twitter: @fganselmo

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