sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pai que é pai não merece presente (Alexandre Pelegi)

  Este domingo é dia de não sair de casa. Dia em que os restaurantes estarão cheios, em que filhos e filhas prestarão homenagens a pais e avós, e os pais a seus pais, numa cadeia que move a vida desde a primeira mordida da maçã. Adão e Eva, bem como grande parte das gerações posteriores, não precisaram se preocupar com efemérides desse tipo. Essa novidade de homenagear o progenitor rescende aos tempos modernos, em que o afeto tem de passar obrigatoriamente pelo financeiro. O comércio é movido a campanhas. Saímos do Natal, vem o Carnaval, e depois a Páscoa ou o Dia das Mães... e quando damos conta estamos a empenhar o presente passado para fazer frente às despesas do presente futuro.
Mas onde está a homenagem, motivo de qualquer efeméride que se preze?
Há pais que se esquecem propositalmente desse dia. Há filhos que odeiam essa data, principalmente os pequeninos cujos pais são separados e o pai, um eterno ausente. São instados nas escolas a produzir presentinhos e homenagens a figuras que desconhecem ou, a mais das vezes, detestam. E a mãe, que segurou a bucha desde o canhão da criação, tem de se ver às voltas com mais esse desrespeito...
Há filhos que mal se lembram da figura paterna, não porque seus pais mereçam o descaso, mas por que já desembarcaram canalhas nesse mundo desde o nascimento.
Mas há pais e filhos que se merecem, que cultivam a amizade, expressão maior do amor parental. Pais e filhos que aprenderam na convivência o que a biologia não legaliza, mas o coração legitima. Há pais postiços que valem mais que muitos pais “verdadeiros”, e tome aspas!
Há pais desencarnados cujas lembranças são tão presentes que preenchem o coração de suas famílias. Há pais, enfim, que justificam a homenagem, mas não explicam o comércio, e por isso não aguardam a obrigatoriedade do presente.
Pai que é pai não merece beijo, nem afago, nem celular pré-pago ou perfume de botique de Shopping somente porque inventaram este costume num domingo específico de um agosto qualquer. Pai merece, por baixo, um mínimo de respeito. Se sobrar dinheiro, vá lá, talvez um agradinho, mas que venha em outro dia. Pra ficar demonstrado, de uma vez por todas, que homenagem a pai que é pai merece muito mais que um único dia...
Copiado de http://www.primeiroprograma.com.br/

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