quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Quando a gente perde o chão ( por José Luiz Tejon )

Estive num terremoto em Seattle, Estados Unidos. Foram cerca de 6 pontos na escala Richter. Se você não sabe o que significa literalmente “perder o chão”, vai descobrir isso num terremoto. No Haiti, um abalo de cerca de 7 pontos arrasou o sofrido país.
A Querida Dona Zilda Arns, mulher de evolução e dignidade humana superior, faleceu enquanto realizava mais uma de suas ações humanitárias. E outros milhares, incluindo mais brasileiros. Ninguém é mais o mesmo depois de um terremoto. Você passa a ter consciência da fragilidade da casquinha de ovo na qual vivemos. Por muito tempo o simples ligar e desligar automáticos de uma geladeira, com aquele minúsculo tremor, faz com que seu coração salte e que seu cérebro conecte novamente o perder o chão do terremoto, da vida.
A terra treme, os prédios balançam, tudo cai, você se revira por dentro. Em seguida, observamos as realidades das índoles humanas. Ao mesmo tempo surgem voluntários, pessoas doadoras, generosas. Começam a ajudar, cavocar, salvar gente, confortar os que choram. Ao mesmo tempo, outros ficam paralisados. Anestesiados. Ao mesmo tempo alguém inicia um saque, um roubo e saem para a caçada tirando proveito do sofrimento, como hienas conscientes do seu mal.
O valor de prestar atenção aparece nas horas extremas. Sob uma situação decisiva, limite. Preste atenção. Use qualquer obstáculo para encontrar uma centelha de dignidade e com ela aquecer a própria vida e a de muitos.
Terremotos mudam histórias, povos, pessoas. O Haiti não será mais o mesmo. Que o abalo da terra provoque o surgimento de uma bela nação, lindo mundo caribenho. No Hawai os indígenas nas suas tradições tem vários deuses. Um deles, curiosamente chama-se Deus Pele. É o Deus dos vulcões. É considerado o mais importante de todos. Com suas erupções e lavas destrói o velho e cria a nova vida, a reforma da natureza.
Quando a gente perde o chão, é a hora da Grande Virada. Embalados pelo movimento que nos empurra, vamos à arte do jiu jitsu. Use a própria força do adversário a favor de um mundo digno. Que o terremoto seja superado e que Dona Zilda Arns viva mais viva ainda dentro de cada um de nós.

Texto copiado de http://www.primeiroprograma.com.br/

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