Preconceitos
(por Alexandre Pelegi)
Estava na sala de espera de um consultório médico. A atendente comenta sobre o feriado em comemoração ao Dia da Consciência Negra, que aconteceria no dia seguinte. Uma senhora, vestida com uma camiseta de voluntária de uma Ong de crianças, começa a vociferar. “Este é um feriado racista. Por que os negros não o comemoram sozinhos, entre eles mesmos?”
Fechei meus ouvidos. Contra esse tipo de preconceito não há argumento que sirva. A única resposta é a indiferença.
Discutir o valor dos feriados é algo salutar, ainda mais num país cujo pecado capital é a baixa produção e o desemprego. Vale discutir, por exemplo, sobre a real necessidade de se enforcar um dia de trabalho, às vezes até mais, apenas para guardar uma data, rememorar um acontecimento. Mais: vale descobrir o que de fato conhecemos sobre as datas históricas e os personagens que nos obrigam, por decreto, a festejar e lembrar.
O Dia da Consciência Negra é um ótimo exemplo não para comemoração, mas para ser relembrado. Este país deve muito aos negros, desde a formação de sua cultura até, principalmente, a formação de seu povo, o que, convenhamos, dá no mesmo.
Temos um passado de horror e violência contra os negros. A dívida do país é imensa. Quando da abolição, ao invés de indenizar as vítimas do crime hediondo da escravidão, optou-se por pagar aos donos e senhores. Talvez por isso o 13 de maio é cantado em prosa e verso como aquele enorme favor realizado pela bondosa princesa lusa...
Desconhecemos a luta que negros realizaram para alcançar sua liberdade. Não discutimos à luz da verdade o papel criminoso que instituições poderosas da época, como a Igreja Católica, desempenharam para prolongar e até justificar a exploração desumana de um povo.
Há os que são gratuitamente preconceituosos quando sofrem da doença da ignorância. Estes podem até ser perdoados. Mas o pior preconceito é aquele fundado no ódio, gerador maior do cinismo... Para estes, só resta o desprezo
TEXTO COPIADO DE http://www.primeiroprograma.com.br/
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